Do diretor de "Rogue One: Uma História Star Wars" (2016) e "Godzilla" (2014), "Resistência" é mais um longa-metragem do diretor Gareth Edwards, cineasta inglês que aparentemente ama extraterrestres, o espaço sideral, naves e tecnologia.
Nesse filme, o tema não é muito diferente, porém o timing do lançamento é digno de nota. Isso porque desde o dia 2 de maio está acontecendo a greve dos roteiristas nos Estados Unidos, que logo aumentou de escopo ao incorporar a greve dos atores. E no meio de todas as reivindicações, a problemática da Inteligência Artificial ganhou destaque nos veículos de imprensa. Os roteiristas não querem que ferramentas como o ChatGPT sejam usadas na tentativa de substituí-los. E os atores não querem que os estúdios usem a I.A. para gerar atuações meramente digitais.
"Resistência" não fala especificamente sobre isso, porém a Inteligência Artificial está no centro da história; isso porque o filme começa, de forma não usual, mostrando uma série de colagens visando nos contar que os Estados Unidos, após se encantar com o desenvolvimento da I.A. (assim com o resto do mundo), havia sido traído por essa mesma inteligência. O presidente estadunidense informa que uma bomba foi ativada pela I.A. no centro da cidade, milhares de pessoas morreram e isso era o suficiente para o início de uma guerra. Até porque a localização chamada de Nova Ásia resolveu não abolir os androides chamados de "Simulantes", e esses querem continuar vivendo de forma livre e pacífica com os humanos.
Assim sendo, a dupla de roteiristas irá utilizar de vários subterfúgios para humanizar os Simulantes e por consequência, a Inteligência Artificial. O que por si só causa estranhamento, e por isso o "timing digno de nota".
Joshua (John David Washington), é apresentado como um soldado dos Estados Unidos que naquele momento está em uma missão secreta visando encontrar uma arma desenvolvida pela Inteligência. Porém, as coisas não dão muito certo e Joshua sofre uma perda. Alguns anos depois, o personagem é encontrado, e com alguma facilidade o exército consegue com que ele volte a sua missão e tente encontrar o objeto que promete acabar com a guerra. O objeto não é bem uma arma e sim uma criança, que posteriormente ganha o nome de Alphie (Madeleine Yuna Voyles).
O roteiro escrito por Edwards e Chris Weitz dá bastante espaço para uma construção calma dos personagens, o que por si só é um ponto positivo, porém essa decisão parece pouco importante já que poucos personagens foram bem desenvolvidos. E isso fica aparente a cada minuto de projeção, visto que a todo momento Edwards busca a emoção do público. E apesar de todo clichê ser clichê justamente porque normalmente são eficientes, ao final da projeção, a sensação que permanece é a de já ter visto essa história em outras obras. Ter uma personagem criança, fruto da I.A., que está sendo perseguida por um exército inteiro acaba não sendo o suficiente.
Não é possível falar o mesmo do incrível trabalho de Greig Fraser (ganhador do Oscar 2022, pela fotografia de "Duna") e Oren Soffer que em conjunto com o design de produção de James Clyne não tiveram dificuldades de transportar o mundo imaginado pelo diretor para a tela de projeção, fazendo com que "Resistência" seja uma obra com predicados visuais impressionantes.
A decisão de dividir o filme em capítulos acaba não dizendo muita coisa, inclusive a montagem é um dos pontos fracos do filme. Ao mesmo tempo que Edwards busca a emoção, os montadores fazem pouco para ajudá-lo. Isso se traduz também em sequências de ação fracas e flashbacks que pouco contribuem para a narrativa.
Mesmo apresentando um filme absurdamente derivativo, Gareth Edwards prova, mais uma vez, que é um realizador criativo e merecedor do olhar atento do espectador.
"Resistência" estreia exclusivamente nos cinemas no dia 28/09/2023.
Nota: 6
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