Protagonizado por Giulia Benite, também conhecida por viver a Mônica em Turma da Mônica: Laços, Chama a Bebel me chamou atenção justamente ao ver a atriz, que não é PCD, sentada em uma cadeira de rodas. Bebel vive com o avô (José Rubens Chachá) e a mãe (Larissa Maciel) em uma casa no interior e, após conseguir uma bolsa de estudos, se muda para a cidade grande e ingressa no novo colégio.
Qualquer amigo que tenha proximidade comigo sabe que não sou muito fã de narração em filmes, principalmente quando o artificio é usado para tapar buracos. Aqui, além de tapar buracos, causa constrangimentos. O que pensou Paulo Nascimento quando achou necessário avisar ao espectador que a protagonista era PCD? Após o aviso, é claro, a protagonista aliviou meus medos ao informar que essa era a primeira e última vez que falava sobre isso. Deixando as imagens falarem, o diretor constrói bem a personalidade de Bebel, uma fã absoluta do trabalho de Greta Thunberg, uma ativista ambiental que ganhou os holofotes por sua oratória e pouca idade. Características essas que vão ao encontro dos pensamentos de Bebel.
Ao chegar em sua nova escola, o jovem Zico (Gustavo Coelho) apresenta a Bebel os famigerados grupinhos escolares. Quem nunca viu um filme que divide as pessoas entre grupos de nerds, patricinhas, esquisitos e bonitões?! E apesar de entender que esse artificio é utilizado para ganhar tempo, tentaria me afastar de possíveis comparações com as tenebrosas web séries protagonizadas por Viih Tube. Infelizmente, acho que foi uma referência.
A antagonista interpretada por Sofia Cordeiro parece que saiu de uma novela das 9, pronta para dar um tapão e sair de cena. A personagem está ali para ser uma Bolsokid hipotética. Não existe desenvolvimento, nem porquês. Todos os pensamentos sobre sustentabilidade e preservação da natureza vão vir de discussões pouco críveis entre Rox e Bebel. Diálogos esses que me lembram das discussões entre as personagens de Cláudia Abreu e Malu Mader em Celebridade. "Você com essas roupas de marca pode entender muito de moda, mas não sabe nada de tendência".
A escola não é nada mais que o palco para apresentar o discurso ambiental e sustentável do diretor. E toda trama fora desse ambiente é subdesenvolvida, como a inveja da tia de Bebel (Flávia Garrafa) por sua sobrinha ou quando em mais uma referência as obras de Vihh Tube o diretor constrói uma cena onde Bebel ouve tudo por trás de uma porta. Queria cinema e recebi um novelão.
Mesmo com boas intenções, e o inferno está cheio delas, Paulo Nascimento apresenta um assunto sério e atual com desleixo e piora tudo deixando um texto fraco na voz de uma personagem pedante.
Nota: 2
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